Um mix de ansiedade, cansaço, vontade de tomar um banho... rs Agora, já em casa, eu me sinto bem. Matar saudade é muito bom, na verdade, é a única coisa que ela oferece de bom: rever as pessoas de quem se sente falta é bem melhor do que siplesmente vê-las.
A comida da minha mãe, a entrega das lembrancinhas, o clima de Salva... não, este tá insuportável! Mas seja lá o que for, é o que eu digo com naturalidade a quem me pergunta: É bom estar de volta em casa.
E agora, a saudade de Vancouver?! É, ela certamente está aqui, pois só se sente falta do que fez a diferença. Ela só não tá tão evidente que eu possa já ter reconhecido. Quem sabe um dia eu possa falar melhor sobre isso...
Algum lugar do céu, Canadá, 15 de Novembro de 2010
Hoje peguei meu último Robson, busu número 5, o último Skytrain e Canada Line. Tudo em um dia só, o último dia.
É estranho estar pronta pra se despedir. Ou não. Aquelas borboletas no estômago e a ansiedade, o choro, a alegria, a sensação de fim, de dever cumprido ou de "fim - deveria ter feito mais". Acho que qualquer coisa sentida no final de um intercâmbio pode ser chamada, entre outras coisas mais, simplesmente estranho.
Não existe nome pra isso, nem em português, nem até onde meu inglês alcança. Como se pode explicar um mix de emoções tão bem definido. Onde a ansiedade termina no limite da saudade que já dá pra sentir.
Até agora são 3 horas de vôo e daqui a mais uma eu estarei na metade do caminho, o que me permite dizer que ainda não deixei o Canadá, mas que também não cheguei em casa. Talvez assim eu possa explicar o sentimento que é terminar um intercâmbio e voltar pra casa, é como estar em Toronto. Nem lá, nem cá; nem "ficou pra trás", nem "tem tudo pela frente".
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Existe alguma forma de resumir 7 meses de uma vida em outro país? As pessoas me perguntam, "e então, o que vc achou de tudo, estando agora no final?". Bom, sejamos organizados então e vamos dividir isso em tópicos. Euforia da chegada - Vancouver é a cidade mais maravilhosa de todas, o mundo é maravilhoso e as pessoas ao redor dele são tão coloridas, interessantes, diferentes... Levando em consideração que Vancouver foi a primeira cidade que eu conheci fora do Brasil, uma definição assim é no mínimo precipitada. Mas foi por isso que o nome deste tópico seria "euforia da chegada".
Descobertas - O sistema de transporte é realmente eficiente, os parques são bem organizados e as pessoas são bem-humoradas. Nossa, como eu sabia menos de inglês ainda do que eu pensava. O Verão daqui é diferente, mas bem bom também. Maquiagem pode ser bem interessante. Amigos novos podem ser tão encorajadores e te apoiarem tanto quanto os antigos.
Aprendizado - Eu sou só uma gota no oceano e tem muito mais lá fora. Eu posso cozinhar se eu quiser - poder comer e ficar feliz já são outros 500. Eu dependo muito das pessoas que eu gosto.
Decepção - Nem tudo são flores quando se trata de morar em outro país, sem ter a certeza de que existirá alguém pra te proteger, seja um advogado, o Procon, a Guarda Costeira ou qualquer outra coisa que te lembre que vc está em casa. Existem "tiradores de vantagem" em qualquer lugar, acredite, isso não é coisa de brasileiro (ufa!). As vezes idealizar demais pode ser um erro.
Depois de dividir assim, eu poderia compor "Considerações finais" pra a resposta de "o que vc achou", daí, entretanto, soaria um pouco incoerente. Porque, no final das contas, o que não foi entusiasmante, o que foi ruim e inesperado simplesmente desaparecem. Acho que o otimismo é a respeito disso. Mas eu acrescentaria algo a mais: O intercâmbio é a respeito de nós próprios, a gente se conhece melhor, começa a perceber certos atributos/imperfeições que antes pareciam não existir. Então eu digo que esses 7 meses foram também pra meu crescimento, auto superação.Considerando também as decepções, pois elas podem ter contribuído mais do que eu imagino, o balanço foi positivo. Mas as considerações finais de verdade, só vou poder fazer daqui um tempo, pois é quando a gente sente falta que dá pra entender quão intenso foi ter vivido aquilo, isso eu bem sei!
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Algum lugar no céu, Alguma América, 15 pra 16 de Novembro de 2010
Agora, pelamordedeus.... nasceram mais 3 cabelos bancos e um ruga na minha orelha por causa do stress que é arrumar tanta coisa dentro das malas, me despedi chorando das minhas amigas no aeroporto - que foram uma fofas me levando até lá, carregando meus bagulhos tão pesados, esperando eu embarcar e, diga-se de passagem, matando aula pra isso - pra chegar nesse avião, ficar com as costas maltradas e com, digamos, dores lombares incovenientes, além de muito entediada. Além de que, está frio e eu estou sentada na janela, precisando pedir permissão pra passar, um poooorre. Nem meu travesseirinho de urso consegue aliviar a tensão do pescoço por estar na mesma posição nesta cadeira que não reclinaaaa. Daí vc vem me dizer que pelo menos tem uma televisãozinha na minha frente e que eu posso usar o computador sem correr o risco de ficar sem bateria. NÃO, pelo menos nada!!! Pelo menos alguma coisa seria se a viagem fosse de 2 horas, no máximo! Mas isso ainda vai ser meu tempo de vôo de São Paulo até Salvador, porque chegando no Brasil a agonia não termina. E pensar que, ainda assim, até lá vão levar mais umas 10 horas... Ooooooh gente, pq ainda não inventaram um transporte mais rápido?! Ah, na verdade inventaram, os jatinhos só não estão ao meu alcance! rsrs
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